MANDAR CARTAS JÁ É COISA DO PASSADO

Rio de Janeiro, 08 de Abril de 2011

Velho,

mandar cartas já é coisa do passado. Mas de repente deu vontade de te escrever, talvez porque andamos falando muito de você. Então sente no sofá que aí vão as mais recentes notícias sobre essa sua família singular.

Tudo bem com os manos. Vivem aos tapas e beijos, como sempre, como se fossem Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Discutem pelo tamanho do bife, de quem é aquela camiseta verde de gola rosa, quem deixou o copo sujo de café na mesa do Seu João, quem largou o cigarro na borda da janela, quem é o mais ciumento, quem está engordando. E um minuto depois estão jogados na cama, rindo sei lá de quê. Felipe continua escrevendo (puxou você), Renato vai pra França semana que vem (pedi para ele trazer uma lembrancinha), Alex está cada vez mais esquecido e Stella manda em todos nós – como sempre.

Informes sociais: A gata está esperando filhotinhos (outra vez), Aurora e Tomás agora moram juntos, Marina, a sobrinha do Felipe, cresceu e tá uma moça. Ignacio e Suzi engravidaram,Tati e Jhé também. A casa vai ficar cheia de crianças de novo, junto com Mia, Tomtom, Luan, e aquele monte de primos e primas, e os amigos que passam pra visitar e ficam um mês. Compramos uma barraquinha e uma piscina de plástico.

Domingo passado vieram todos para cá. Montamos a piscina e jogamos a criançada lá dentro. Tio Valério trouxe a câmera e Alice a cerveja, Bleque e Fábio vieram direto da praia, Antônio apareceu com uma roupa nova que você precisava ver, Náshara preparou aquela sobremesa dela. Clara, Dani e Paulinho não deixaram ninguém vomitar no vaso da tia Zeza nem riscar os discos do Marçal. De repente, chegaram todos os primos: Simone (que também está grávida!), Rafa, André, Cado, Quel, Lali e Lalu. Enrolamos os tapetes e arrastamos os móveis pra dançar, como você nos ensinou a fazer. Mônica gritou “tá passando o filme daquele francês narigudo que o papai gosta”, ficamos todos na sala assistindo e falando alto, nem dava pra escutar o filme.

 Quando nos encontramos assim, dá aquela sensação de que o tempo está correndo diante de nós. Tudo mudando, e parece que foi sempre assim, e é assim que tinha que ser. Queria que você visse.

Sempre falamos de vocês todos, do Aníbal, da Ruth, da Angela, da Márcia, do Fernando, da Sonia, do Iarandu. E da história do tiro, da Teté usando chupeta até os 8 anos de idade, do neto que fingiu que era cachorro e mordeu a avó, do pintinho durinho, do dia que acabou o dinheiro para a pipoca e Mia disse “ainda bem que ainda temos nossa casinha”.

Você deve estar com o radinho na orelha ouvindo o jogo, tomando chimarrão. Imagino você rindo com essas histórias que você conhece bem. Mostre a carta pra Dona Malu e agradeça pelo bolo de laranja que ela mandou. Devoramos feito um bando de índios apaches, como diz a mamãe.

Não deixe de se agasalhar, que nessa época começa a esfriar.

Amor,

seu filho

PS. As crianças dizem que sentem saudades do vô Dadinho, da vó Dina e da vó Severina…

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