o que não acontece < 2018 >


what does not happen

 

Antes dizíamos que cada peça era um género de materialização pontual da pesquisa, hoje parece-nos que cada peça é mais uma síntese da própria vida. Como se cada peça reflectisse uma (re)visão do mundo, do que é viver, destruir e construir com o outro, do que é estar em cena e partilhar com o público uma intimidade - porque todas as peças têm esse lado ao mesmo tempo belo e violento da exposição de um imaginário que é talvez o que ainda nos resta de mais íntimo. Ao longo dos dois últimos anos, apresentámos uma série de performances em espaços não convencionais na tentativa de isolar e questionar os elementos da nossa pesquisa: a relação do gesto com o texto dito e cantado; o modo como os objectos informam o movimento; a escrita como acto performativo ou acção coreográfica. Agora surgiu a necessidade de transpor essa pesquisa para o espaço convencional de um teatro procurando não perder o carácter imediato, lúdico e imprevisível que essas performances tinham. Uma síntese, sobretudo do que ficou por fazer. Sem pausas, sem espaços em branco, sem pontuação, em scriptio continua.
>
If in the past they believed each piece to be a window into a specific moment of their research, they now understand each piece as a synthesis of life itself. As if each performance reflects a (re)vision of the world, of what it is to live, to destroy and build something with the other. In the two years since Performances for Alkantara at the Alkantara Festival, Dias and Roriz have developed a series of performances in non-conventional spaces in an attempt to isolate and question the elements of their research: the relation of gesture to words spoken and sung, the way in which objects inform movement, and writing as a performative act or choreographic action. Their need now is to transpose that research onto the stage without losing the intimacy, playfulness, and unpredictability of earlier performances. A synthesis, yes, mostly of what was left to do. No pauses, no blanks, no punctuation.

equipe > crew

direcção, interpretação, texto e vídeo > concept, performance, text and video Sofia Dias & Vítor Roriz
desenho de luz > light design Thomas Walgrave
espaço cénico > scenography Thomas Walgrave, Catarina Dias, Sofia & Vítor
apoio à dramaturgia > dramaturgic support Alex Cassal
assistência à direcção e figurinos > direction's assistance and costumes Filipe Pereira
som e música > sound and music Sofia Dias incluindo versão de > including cover of Philadelphia de > by Neil Young
operação de som e vídeo > sound and video operation Pedro Costa/João Gambino
direcção técnica > technical direction Nuno Borda de Água
fotografias > photos Filipe Ferreira
produção > production Luís Moreira
produção > production Sofia & Vítor, Vítor Alves Brotas - Agência 25
coprodução > coproduction Alkantara
apoio em residência > residency support Culturgest, Alkantara, Teatro Nacional D. Maria II, CNB


digressão > tour

Festival Theaterformen > Braunschweig DE > 2018
Plataforma Portuguesa de Artes Performativas > Montemor-o-Novo PT > 2019
Teatro do Bairro Alto > Lisboa PT > 2020
Festival GUIDance > Guimarães PT > 2020
Théâtre de la Bastille > Paris FR > 2020
Mostra Transborda > Almada PT > 2021
Teatro Viriato > Viseu PT > 2022
Les Printemps de Sevelin > Lausanne CH > 2022
Teatro Viriato > Viseu PT > 2022


O que não acontece – peça cheia de arestas, de fendas e de espaços por onde a comunicação se possa esvair – não resiste a nomear, a atribuir nomes às coisas. E fala dessa nomeação como antídoto para o silêncio e para o vazio.

Gonçalo Frota > Jornal Público > Lisboa PT

O texto, ora pausado, ora frenético, remete-nos para a vida e para as relações a dois, levando-nos a reflectir. O movimento, também ora pausado ora frenético, prende-nos a atenção e circula pelo espaço cénico. Este é, pois, um regresso auspicioso da dupla que, a meu ver, funde gesto e palavra.

Pedro Mendes > Contracenas > Lisboa PT

O que não acontece de Sofia Dias & Vitor Roriz é uma potência, ou seja, é tudo aquilo que pode acontecer estimulado pela dança, que pode passar do corpo às palavras.

Afonso Becerra Arrojo > dramaturgo > Vigo ES

É como se os movimentos e as palavras de cada um perdessem vontade própria e fossem apropriados por esse turbilhão – um descontrolo que começa por ser luminoso, próprio da descoberta, mas que, com a repetição, depressa cria no espectador uma sensação de falta.

Cláudia Marques Santos > Revista Visão > Lisboa PT

Dias et Roriz sont ici en conversation permanente, par bribes de mots et lambeaux de gestes, les uns tentant de recoller les morceaux des autres. Et le sens surgit, à chaque fois, grâce à d’âpres négociations avec le vertige, telle une silhouette qui perce le brouillard.

Thomas Hahn > Danser Canal Historique > Paris FR

Ce pas de deux exigeant et intelligent vient mettre en danse et en théâtre l'éternel manque à bien nommer les choses. Une performance existentialiste qui vient nous raconter une histoire tout en distorsion à la fois des corps et des bouches.

Amelie Blaustein Niddam > Toute La Culture > Paris FR

Entre les deux danseurs, un écart permanent, une dys-synchronie savante de quelques fractions de secondes dans le mouvement qui s’étend au dialogue où l’un se fait écho ou complément de l’autre, le tout à une vitesse d’échange brouillant les rôles et les limites de chacun, comme si les deux n’étaient que le dépliement d’une seule chose indiscernable.

Marguerite Papazoglou > Un fauteuil pour l’orchestre > Paris FR

Car une fois la parole stroboscopique du début déliée par un chant qui s’affirme et place la langue du côté d’une voix mélodique, une fois que l’élan de la parole qui advient nous entraîne dans son sillage et que le corps prend le relai et noue son rythme avec le texte, on est happé par cette énigme poétique qui se déploie autant à nos oreilles que sous nos yeux.

Marie Plantin > Pariscope > Paris FR

Au centre de la pièce se pose la question organique, viscérale, de la recherche de l’autre, de la difficulté de la relation avec l’autre. Son point culminant est bien entendu le moment où les deux présences magnétiques s’attrapent, s’agrippent, se donnent, se complètent dans une étreinte qui s’apparente aussi à une lutte, et glissent du côté du mythe dans une osmose inattendue, éphémère, mais totale.

Christophe Candoni > Sceneweb > Paris FR

Anterior
Anterior

as três sozinhas

Próximo
Próximo

antiprincesas